Gays e o evangelho: Como a igreja vê esta união?

Pela bíblia, o homem foi feito para a mulher e vice-versa. A prática da homossexualidade é claramente contrária a Palavra de Deus. Neste sentido como a igreja evangélica deve lidar com os gays que procuram os templos? Para discutir este tema tão polêmico, entrevistamos o Reverendo Marcos Amaral da Igreja Presbiteriana de Jacarepaguá.

Portal Melodia - Como a igreja deve lidar com o aumento das comunidades gays sem discriminação e sem esquecer a misericórdia?

Reverendo Marcos - Não há como considerar este tema sem se considerar o que circunscreve este tema que é a evolução do pensamento e da sociedade, onde culmina na questão do direito individual, o que a filosofia chama da busca do Eu puro. O sujeito sem nenhum tipo de opressão ou limitação externa. Fruto da modernidade ou se preferirem da pós-modernidade, o homem vai buscar sem medidas a realização do seu prazer. Se antes quem definia o conceito de ética era o social, hoje o prazer e a qualidade de vida quem aponta é o sujeito. Então começamos a perceber o fenômeno do surgimento da comunidade gay como um todo. Não há como a igreja fugir deste assunto. A presença homossexual na igreja infelizmente ou felizmente é uma realidade. Quanto a usar de misericórdia não há como lidar com os gays sem o exercício da misericórdia, o que não quer dizer concordância, porque afinal ele é um sujeito, ele é Adão. Deus ama Adão, produto do seu próprio trabalho e afeto como qualquer outra pessoa deve ser objeto do amor de Deus também do gay.

O que não podemos concordar é com a prática e exercício da homossexualidade, esta sim é contrária claramente na Palavra de Deus e não há como ser humanista neste momento concordando com a prática da homossexualidade, porque o homem e a mulher sãos feitos pelo Senhor. Por isto é bom deixar claro, é preciso sim exercitar a misericórdia porque o gay é uma pessoa de caráter, justa, que paga seus impostos e é um cidadão. Então este homem ou esta mulher devem ser objetos do amor da comunidade, do amor da igreja e do evangelho. Entretanto não há como concordar, porque estaríamos concordando com uma prática pecaminosa e estaríamos injuriando o próprio Deus. Portal Melodia - Qual a posição da própria igreja em relação aos gays, qual é o tipo de aconselhamento? Reverendo Marcos - Seguramente a igreja não está preparada para este tema, nem para outros temas tão palpitantes como este. O posicionamento da igreja seria abrir um tratamento incluso a esta pessoa, o que certamente não será fácil.

A igreja já tem grande problema em lidar com o membro que fuma, que é uma atitude com conseqüências muito mínimas, o que dirá com conseqüências ecológicas. Eu digo ecológicas, porque mexe com a questão moral, fisiológica, com o equilíbrio da família e da própria preservação da raça. Imagina se todos se tornassem gays, certamente a humanidade iria se extinguir. Mexe com o chamamento divino de Crescei e Multiplicai-vos. Agora nada disto justifica o “dar as costas” ou fechar os olhos. Então é preciso sim ter uma atuação pastoral, inclusiva e efetiva.

Portal Melodia – O que senhor pensa das igrejas feitas para gays?

Reverendo Marcos - Estas comunidades são sintomáticas na medida em que os gays têm uma atividade espiritual e religiosa e não encontram na comunidade heterossexual espaço e acolhimento, e sim discriminação e rejeição. Se eu fosse gay, certamente procuraria meus pares para comungar de temas e questões que eu preciso. O surgimento da comunidade gay não é uma agressão a comunidade heterossexual, é um sintoma sociológico: buscar um lugar de paz para poder ali exercitar as confissões e crenças. O que precisamos sim é criar espaços e discutir este tema dentro da comunidade heterossexual, porque não há como fugirmos disto. Este é um tema que a comunidade gay inseriu na agenda da sociedade. A homossexualidade é uma realidade diante da qual a igreja que fugir só estará adiando e aumentando o problema e a complexidade.